sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

na defesa do cu

As pessoas tem impressoes sobre o cu, sejam positivas ou negativas. Tendo a achar que a maioria nao tem uma relacao proxima, amigavel ou prazeroza com o cu. Quando eu pergunto o porque de tanta restricoes sempre ouco o argumento anatomico-higienico para desqualificar, em algum grau, as praticas sexuais pelo cu. A minha ideia nesses breves paragrafos eh diminuir essa influencia sob alguns aspectos interessantes entre dar o cu e beijar na boca.

Certa vez, numa calorosa discussao, amigos me disseram que nao concebiam dar o cu porque ele foi feito pra cagar, nao tinha lubificacao propria e devia doer muito nas relacoes. Numa perplexidade me perguntei: essa razao faz algum sentido? afinal eu dou o cu e gosto muito, tem algo de tao divino nisso pra mim. Logo respondi que dar o cu era como beijar na boca. Primeiro porque boca e cu sao orgaos anatomicamente constituidos de mucosa, altamente vascularizados, configuram-se como cavidades, ambos excretam produtos de nosso metabolismo (saliva ou fezes). Segundo, os dois sao vias de prazer, de contato intimo, sao colonizados por diferentes tipos de bacterias e podem transmitir doencas como caries, gengivites e ate mesmo herpes e todos os tipos de DST. Por fim, ambos nao foram desenhados para algumas funcoes que hoje lhes sao atribuidas; beijar e dar o cu. Os humanos desenvolveram a habilidade do beijo usando a lingua que, a principio, foi contituida para falar, sentir sabor e ajudar no processo de digestao. O cu foi dotado de dois esfincters para a garantia da excrecao de merda adequadamente e desde sempre se aproveitou desse buraco para produzir gozo. A habilidade humana criou o beijo a partir da boca e o sexo pelo cu a partir de sua cavidade.

A questao que se configura e: porque beijar e dar o cu tem valores sociais tao assimetricos na sociedade?

Nao e no debate anatomico e higienico que deve ser a base de argumentos. Por tras disso existe uma concepcao que diminui a pratica de dar o cu, atribuindo-lhe passividade, num movimento de nao reconhecer aquelas que a praticam. Afinal, por muitos na sociedade quem da o cu eh viado ou puta, em alguma ocasioes sao aqueles mais alternativos e liberais. Em grande parte nao reconhecer praticas sexuais eh tambem negligenciar e desqualificar o prazer alheio, nao entendendo esses sujeitos como sentidores de prazer, nao normais em alguns casos. Eh comum vermos homens bradarem sua masculinidade ao dizerem "chupa seu arrombado". Chupar e dar o cu para um homem sao caracteristicas negativas (ser arrombado entao!), sem prestigio de masculinidade, pouco heroicas, sao portanto associadas as praticas sexuais femininas. Nesse comportamento ha fortes raizes homofobicas e machistas.

Mas ainda com essa justificativa as pessoas nao se convencem que dar o cu eh possivel e tambem eh prazeroso, afinal ele nao foi feito para isso. O determinismo de nossa cultura advoga contra dar o cu. Entao sempre ouve-se:o beijo e simbolo de amor, de carinho, o cu eh de agressividade. E engracado ouvir isso de homens, heterossexuais que a principio, nunca teriam dado o cu. Muito provavelmente eles nunca sentiram um pau no cu, nunca ouviram falar de "xuca" (uma pratica que da uma limpada no cu antes de trepar, assim como escovar os dentes, usa-se essencialmente agua para isso) porque por uma relacao obvia quem for comer o cu vai receber bosta no pau (as vezes sim, as vezes o mau halito broxa).


 Quero diretamente dizer que as pessoas precisam trabalhar e conhecer seus cus, enfie seu dedo no cu, use gel lubrificante em abundancia, brinque com a xuca no chuveiro, enfie paus, morda e lamba a bundinha alheia, descontrua a ideia negativa e agressiva do cu, ele pode ser o que voce quiser. Eh o seu cu. Dar o cu abre uma imensidao de coisas e prazeres. Mas um premissa eh necessaria: va tranquila, ele eh soh um cu, assim como eh soh a boca alheia dando-lhe tesao e calor.

Um pouco sobre mim


Eu nasci no Maranhão_ em Coroatá Aos quatro eu quase quebrei a costela andando de bicicleta Aos cinco eu fingi que matei um gavião com baladeira para impressionar meus primos Com seis me pegaram com meu primo no mato Com sete vim para São Paulo_ fiquei de recuperação na primeira série_  aprendi a ler no mesmo ano Eu roubei um brinquedo de um amigo meu quando tinha oito e minha professora descobriu_ eu chorei na sala de aula Quando tinha nove eu experimentei pó_ corri da polícia_ caí num buraco de elevador_ dormi no chão_ acendia velas de madrugada_ sacos de latinhas e o ano não acabava Com nove eu gostava de prédios_ andar de ônibus elétrico então! Com dez eu beijei escondido Com onze eu gozei Com onze eu peguei catapora Com doze eu me apaixonei Com treze eu chorava muito_ descobri desejo_senti inveja dos velhos_era apaixonado pelas minhas professoras Com quatorze deixei casa de mamá_ [eu com os meus quartoze...] aos quinze explodi_conheci gente boa_ voltei pra Mamá_ aos dezesseis sorri e aprendi Aos dezessete foi dolorido _ estava confuso Aos dezoito fiquei deprê_ aos 19 minha vida mudou_ e ate hoje parece que ela foi enfeitiçada por um sentimento coletivo e povoado de gente que me inspira.


Tenho 22 anos, aquariano morador da Luz, faço Nutrição na USP, estudei numa escola fantástica chamada José Rocha Mendes (2005-2007). Lá eu criei muito e ri muito. Divido com militantes do PSOL um sonho libertário de mudar o mundo desde 2010, sou LGBT e milito por isso desde 2011.Participei do Movimento Sem Teto do Centro de São Paulo (1999-2004) com minha mãe e ocupei prédios que até hoje gostaria de viver neles (Vivo em um que meus colegas ocuparam).Fui do Centro Acadêmico Emílio Ribas, entidade representativa dos estudantes da Faculdade de Saúde Pública da USP (2009-2011).Tive a honra de dividir momentos de muito aprendizado quando ainda erámos um coletivo estudantil Romper o Dia!. Hoje somos mais, somos Juntos! Em 2006 estudei e vivi no Aprove, um cursinho pré-vestibular comunitário que existia e coexiste em minha vida. Fui do Diretório Central dos Estudantes Livre do USP Alexandre Vannuchi Leme (2010-2012) e vivi muitas contradições por ser Movimento Estudantil. Estudei Nutrição na Universidade do Porto em Portugal (2010-2011), morei/senti/aprendi na Escócia (2011), conheci a Europa e a mim mesmo. Eu simplesmente amo o poder transformador que a Universidade pode exercer.
Agora estou na Universidade de Toronto, Canadá, resolvi expelir o que eu acho da vida (sem pretensões mágicas), resolvi escrever e organizar algumas ideias por isso fiz esse blog =)